Chiharu Shiota – Linhas da Vida

2021 - em andamento

Com curadoria de Tereza de Arruda, a exposição itinerante pelos Centros Culturais Banco do Brasil de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro reúne cerca de 70 obras da artista japonesa Chiharu Shiota, que datam do início de sua carreira, em 1994, até instalações inéditas inspiradas no Brasil.

 

A transitoriedade dos ciclos da vida, a memória e a própria experiência pessoal inspiram a obra da japonesa Chiharu Shiota. Conhecida principalmente por seus trabalhos em grande escala, frequentemente compostos por emaranhados de linhas, Shiota é autora de uma obra multidisciplinar, desdobrada em suportes diversos: são instalações, performances, fotografias e pinturas. Nascida em Osaka e radicada há 23 anos em Berlim, Shiota iniciou sua carreira artística em 1994, tomando a pintura como principal suporte. Todavia, logo descobriu que o espaço bidimensional era limitado para seu processo criativo e expandiu para as outras linguagens.

 

Organizada em cinco núcleos, a exposição é um convite de Shiota para que o visitante faça reflexões sobre a vida, seu propósito, conexões e memória. “Quero unir as pessoas no Brasil, não importando sua origem, status social, formação educacional, nacionalidade ou qualquer outro fator divisor. Como humanos, devemos vir juntos e questionar o nosso propósito na vida e por que aqui estamos”, afirma a artista.

 

Na mostra, estão presentes grandes instalações inéditas, como Além da Memória (2019), obra inspirada na diversidade do povo brasileiro, criada em diálogo com a arquitetura de cada um dos prédios do Centro Cultural Banco do Brasil. Em São Paulo foi suspensa, com 13m de altura e em forma de uma espécie de teia, sendo composta por mais de quatro mil folhas de papel em branco. A instalação é um convite para que o público idealize sua própria história e resguarde sua memória.

 

Em Linha Interna (2019), instalação inédita produzida inicialmente para a Japan House São Paulo, são apresentados três grandes vestidos vermelhos, além de cerca de 10 mil fios penduradas verticalmente, totalizando mais de 34 quilômetros de material. A inspiração vem das relações humanas, das memórias, da vida e da morte - temas que aparecem a todo momento na obra de Shiota. A artista evoca uma lenda japonesa que conta que quando uma criança nasce, um fio vermelho é amarrado em seu dedo, representando a extensão de suas veias sanguíneas que correm do coração até o menor dedo de suas mãos. Ao longo da vida, esse fio invisível se entrelaça ao fio de outra pessoa, conectando uma à outra, não necessariamente como amantes, mas de alguma forma que impactará profundamente seus caminhos.

 

Os destinos da vida são questões recorrentes no processo de criação de Shiota. Em suas obras ela tece as linhas de sua vida e convida o público a fazer o mesmo. Essa é a ideia presente em Linha Vermelha (2018), obra que lança luz à produção manual da artista, uma de suas principais características. Em outro momento, dois barcos escuros surgem em meio a emaranhados de cordas pretas como alusão aos caminhos da vida. Trata-se de Dois barcos, um destino (2019), uma metáfora da artista sobre as formas de avançar, viajar, sem necessariamente saber qual é o ponto final, tal qual o percurso da vida. “Os barcos simbolizam os portadores de nossos sonhos e esperanças, levando-nos através de uma jornada de incerteza e admiração”, diz Chiharu.

 

Chiharu divaga sobre a ideia de uma conexão universal de todos os seres. Transforma sua história em uma linguagem artística de caráter singular, sublime e tomada de elementos triviais. É disto que nasce o conjunto de esculturas e edições organizados em Conectada com o universo (2016 - 2019), núcleo onde estão expostas gravuras que têm como ponto de partida um ser conectado ao universo por um fio, espécie de cordão umbilical simbolizando o início da vida antes mesmo do nascimento. Em outras obras, a artista sugere que este mesmo ser se vê imerso ou submerso em um buraco ou invólucro sem perspectiva de saída e, assim, sua conexão com o mundo externo passa a ser realizada por vias imaginárias ou mesmo espirituais.

 

A exposição também traz fotografia da instalação A chave na mão (2015), que esteve na 56ª Bienal de Veneza e na qual Chiharu representou seu país no pavilhão do Japão. A obra foi composta por dois barcos que lembram, segundo a artista, duas mãos receptoras prestes a agarrar ou deixar de lado uma oportunidade, postos em um emaranhado de 180 mil chaves.

 

CCBB São Paulo

De 13 de novembro de 2019 a 27 de janeiro de 2020

quarta a segunda, das 9h às 21h

Entrada gratuita

 

CCBB Brasília

De 3 de março de 2020 a 6 de dezembro de 2020

terça-feira a domingo, de 9h às 17h

Entrada gratuita, mediante agendamento prévio

 

CCBB Rio de Janeiro

De 13 de janeiro de 2021 a 19 de abril de 2021

Quarta a segunda, das 9h às 18h

Entrada gratuita, mediante agendamento prévio